O
ano dele começou antes do meu. Mas a minha idade já era mais antiga que a dele.
Ele
se sentiu pressionado, um pouco perdido nos primeiros segundos, percebi no seu
olhar. Mas quando eu disse "oiii", parou o choro. Sabia de mim. Sabia
que havia alguém naquele lugar que o conhecia, que o completava.
Veja
bem, completar aqui não tem o sentido de dar uma parte de si para a outra que
está aos pedaços. Completar vem como uma ligação. Eu tenho o número, você o
telefone. Discamos para ver o que vira!
Não,
ainda não é isso.
Está
mais para "filho, você estava sozinho lá dentro, mas agora você tem alguém
aqui fora, tá?!".
Brega
essas comparações, não é? Vivê-las é mais simples.
Ele
veio sem pedir muita licença. Atrás dele veio um rompimento inesperado. Um abandono
sofrido, sentido, mal curado. A gravidez não foi um sonho lindo feito de
cristal.
É
preciso sempre ressaltar esses pontos da história toda, para que a vida volte a
fluir.
Uma
vida já vivida há 27 anos. 28, pra ser mais exata.
Uma
vida boa, tranqüila. Que agora, voa.