quarta-feira, 12 de outubro de 2016

De quando eu fui mãe, aos 27 anos de idade


O ano dele começou antes do meu. Mas a minha idade já era mais antiga que a dele.

Ele se sentiu pressionado, um pouco perdido nos primeiros segundos, percebi no seu olhar. Mas quando eu disse "oiii", parou o choro. Sabia de mim. Sabia que havia alguém naquele lugar que o conhecia, que o completava.
Veja bem, completar aqui não tem o sentido de dar uma parte de si para a outra que está aos pedaços. Completar vem como uma ligação. Eu tenho o número, você o telefone. Discamos para ver o que vira!

Não, ainda não é isso.
Está mais para "filho, você estava sozinho lá dentro, mas agora você tem alguém aqui fora, tá?!".
Brega essas comparações, não é? Vivê-las é mais simples.

Ele veio sem pedir muita licença. Atrás dele veio um rompimento inesperado. Um abandono sofrido, sentido, mal curado. A gravidez não foi um sonho lindo feito de cristal.
É preciso sempre ressaltar esses pontos da história toda, para que a vida volte a fluir.

Uma vida já vivida há 27 anos. 28, pra ser mais exata.
Uma vida boa, tranqüila. Que agora, voa.


Ele não sabe direito ainda quem eu sou. Mas o tempo está ao nosso favor, e eu não tenho pressa.