Sim,
o primeiro. E não sei se terei mais.
A
questão é que é muito sofrimento... para uma criança só.
Cansa,
viu?
E
tem horas que nem parece que você está aqui... a barriga parece pequena... ou
parece a mesma barriga de antes.
Sua
mãe sempre foi gorda, sabe? Às vezes uma gorda bonitinha, em outras, uma gorda
feinha. Mas sempre gorda.
Hoje,
o mundo parece estar mais aberto a esse tipo de “biotipo”. Mas saiba que eu já
enfrentei uns bons bullying por isso.
Era
bem triste ser gorda. Aliás, é até hoje. Mas a gente vai relevando, tentando
superar, tentando se encontrar...
Não
é ruim ser gordo. Se você assim for, será bem feliz também. O problema são as
recaídas. Tem dia, filho, que é difícil. Você se sente um lixo.
E
é por isso que eu sempre fui uma garota romântica, que só pensava em suas
paixões. Sonhava com o primeiro beijo, com um casamento... Porque isso para mim,
eu já sabia: não seria uma tarefa fácil!
Mas
quando seu pai surgiu na minha vida eu já não pensava mais assim não. Estava bem calejada
já com as pedras que a vida havia me tacado. Mas alguma coisa fez surgir
novamente aquela garotinha frágil, indefesa, solitária...
Solitária = Solidão.
Talvez
tenha sido o amor, a carência, ou o simples fato de seu pai não ligar muito
para mim às vezes. O que nos faz retornar a segunda opção... Carência!
Lembro-me,
em Ribeirão, dia seguinte ao “Despertar da força”, no café-da-manhã do hotel em
que nos hospedamos, havia eu comido já dois pães... Mas eu tenho isso, como pelo
sabor... e o pão estava gostoso! Pedi para seu pai pegar mais um pão para mim. E se você pudesse ver a cara que ele fez... Sim, eu também teria pensado duas vezes antes de pedir! Eu
já estava grávida de você, era comecinho... Comecinho de tudo: de romance, de
gravidez. E ele não teve a nobreza de pegar para mim. Dá para perceber a partir
daí, que alguma coisa não estava se saindo bem para gente. Eu só queria ser
cuidada, filho. Ser protegida. Acho que não é pedir demais... Mas a vida tem
dessas coisas, e se choro hoje por me lembrar desses momentos, amanhã sorriu
por coisas boas que hei de me lembrar também.
Mas
voltemos a falar de você, meu lindo. Meu fofo. Meu “tchuco-tchuco”. Você, meu
filho, é novidade para mim. Tem hora que sinto você mexer... e mexer... Coisa
linda. E de repente você fica quieto... por um boooom tempo.
E
como dói! Aaaiii!!! Dói para se sentar, dói para se levantar, sinto meus órgãos
todos se esmagando quando abaixo para pegar algum objeto que venha a cair no
chão. Terrível isso! E os gases??? Nossa... sinto que cada gás é uma vida que
se vai... (rs)
Não
venha me dizer lá na frente que eu não sofri por você, ou que eu não lhe amo,
hein! Não sei se serei uma boa mãe, se saberei te dar educação, bons modos... Se eu, como professora que sou, serei uma boa professora a ti, te
cobrarei tarefas, boas notas... Se seremos cúmplices, amigos, mãe e filho...
Pessoas felizes só por estarem juntas uma da outra. Não sei de nada disso. Mas
espero de coração que sejamos tuuuudo isso!
Porque
fracassei em muitas coisas, filho. Mas não gostaria de falhar como sua mãe. Por
isso, se abra a mim sempre que puder. Diga o que está acontecendo com você,
sempre que puder. Não fique com medo, com dúvidas, incertezas, inseguranças. Eu
prometo que vou tentar te ajudar. Posso não conseguir, mas eu tentarei.
Porque
um elo aqui já está criado entre nós. Porque um amor entre mãe e filho costuma
durar bastante. Porque parte da minha vida já circula pela sua. J
Beijos
da mamãe,
M.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Fala meu povo!