domingo, 9 de janeiro de 2011

A chuva, a pomba e eu ☺

Dizem que sexto sentido de mãe não falha. Mas creio que o da minha mãe deve estar quebrado há muito tempo. Hoje, ao sair de casa para o trampo, perguntei a ela se deveria levar um agasalho já que com esse tempo louco que tem feito ultimamente, chover está se tornando um hábito. E ela respondeu: - Não. Não leva não, que você não vai precisar.

Ah... Doce ilusão! Realmente eu não precisei. Até as 16h55 de hoje. A chuva me pegou entre a escola e a rodoviária. No meio da praça. Mais 2 minutos e eu estaria a salvo, mas não! Ela resolveu me sacanear bem ali entre bancos e árvores! Ok. Confesso que se não tivesse gastado 2 minutos para ir até a biblioteca da escola onde trabalho, para pegar um exemplar de Lygia Fagundes Telles e dois de Índigo (duas autoras que conheci recentemente) teria dado tempo de chegar à rodoviária antes da chuva maledeta.

Não que eu não goste de um tempinho gostosinho de chuva. Amo! O que não suporto é ficar molhada. Ou melhor, 3 horas molhadas! 2 minutos que me perseguiram por 3 horas... Putz. Agora entendo o que querem dizer quando nos avisam de que uma escolha muda tudo.

Bem, não bastasse isso, ainda havia uma pomba estranha a me olhar de esgueio dentro da 2ª rodoviária do dia (no total passo por três na ida e mais as mesmas na volta). Ela me encarou fixamente por quase 1 minuto... Pensei: você só pode estar querendo me sacanear também!
Mudei de lugar. Fui para um banco mais distante. Se ela queria minha chipa de queijo, ela que fosse ao supermercado comprar. Mas é óbvio que ela sendo uma pomba, e ainda mais, uma pomba estranha, jamais entraria num supermercado, pesaria uma chipa de queijo, ficaria na fila do caixa por mais de 10 minutos, pagaria a sua compra e ainda diria “obrigada eu” para a moça do caixa... Todos ficariam boquiabertos com a cena!

Pois não é que a danada veio atrás de mim. Bastou uns segundos sentada ali para ela ir se aproximando como quem não quer nada com aquele pescoçinho remexendo pra lá e pra cá. Pensei: puta merda. Tanta gente querendo ser observada por uma pomba e ela escolheu logo eu para observar? Eu só queria comer minha chipa de queijo em paz.
Ela ainda me olhou por um tempo. Percebi que algo a estava incomodando. Ela se retirou e foi para a margem da calçada da rodoviária. E lá ela despejou o que estava lhe incomodando... Isso mesmo! Um cocozinho esverdeado. Pensei: que pomba educada! Não fez na minha frente, pois eu estava comendo.

Depois disso a pomba estranha e educada seguiu com a sua vida e eu segui comendo minha chipa de queijo. Finalmente! Podia sentir agora o real sabor daquela massa calórica. Hummm... E gostosa!
Apesar das desavenças entre eu e a pomba estranha e educada sentidas apenas pelo olhar de cada uma, ela me fazia falta! Aqueles míseros minutos juntas foram o suficiente para entrelaçar nas nossas almas um efeito de preenchimento que só depois da sua partida pude notá-lo. De certa forma, ela compreendia tudo o que estava se passando comigo naquele momento. Eu estava com as minhas roupas molhadas, como o cabelo horrível, com uma fome lascada e sem ninguém para desabafar... Meu Deus! Por isso ela se identificou comigo. Filha da puta. Ela conseguiu me sacanear.
Tudo bem. Sem ressentimentos. Mesmo eu parecendo uma pomba, não ia descer do salto e brigar com ela. Mas a minha vontade era dizer: eu estou no topo da cadeia alimentar e você?

Não. Não sou esse tipo! Sou vegetariana inclusive... Só não gosto que pombas estranhérrimas me sacaneie, pô!

O ônibus chegou, eu entrei, sentei, e assim seguimos para a última rodoviária do dia. Certifiquei-me de que a pomba não nos seguia. Ela permaneceu lá, a espera de mais alguma vítima. Depois de 1 hora cheguei ao meu destino final. Mais alguns minutos e estaria em casa, no chuveiro tomando um banho quentinho. Ou seja, o dia terminou bem. Eu consegui sobreviver sem nenhuma cicatriz profunda! =D

Gigabraços! Inté!

2 comentários:

  1. Situação ocorrida em 06 de janeiro de 2011. Tive um relapso e esqueci desse detalhe! =D

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  2. Bem feito! A pombinha acabou lhe fazendo falta depois de ter sido tão dura com ela. Dá próxima vez aceita-a com carinho. xD

    Rodoviária é um lugar muito foda pra quem gosta de observar. E se você prestar a atenção, vê e escuta cada coisa...
    Pombas de rodoviária também são muito foda! Elas não tem um pingo de vergonha na cara, o que faz delas criaturas diferenciadas. Tipo, "Tá achando que sou uma pombinha medrosa qualquer? Sou pomba de rodoviária pô, suck it up!".

    Certa vez comecei a jogar migalhas do pão-de-queijo que eu comia a uma e quando dei por mim estava cercado por um exército de pombas famintas! Saí ileso, mas isso não significa que elas tenham esquecido meu rosto...

    Bem vinda a blogosfera! Espero que tome gosto e fique por aqui pra sempre. Um beijão!

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