quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Floresça com Poemas


(Crédito imagem: http://moisesportovelho.blogspot.com.br/2009/11/folha-ao-vento-imagens-do-passado-1.html)



As flores morrem quando deixamos de dar substratos.
Quando deixamos de rega-la.
Morrem quando não possuem espaços.
Morrem quando deixamos de poda-la.

Mas os matos sobrevivem a sol e lua.
A sol e chuva.

A cada dia que passa, lá estão.
Lembrando que, o que os salvam é a aspereza.
Lembrando que só precisam de um chão.
Lembrando que, o que enfraquece a flor é a delicadeza.

Bota água nessa terra para ver o que lhe espera.
Bota água nessa vida para ver a alegria.
Bota água nesse jarro de flor,
E a deixas exalar o amor.

Plante raiz nesses olhos.
Respire sobremesas com eles fechados.
Diga amém aos seus poros.
Se misture com o que é molhado.

Delicie-se com línguas.
Enterre-se com problemas.
Cavouque por entre ilhas.
Namore com poemas.

Floresça com poemas.

Jogue cinzas ao vento.
Ressinta-se com o tempo.
Não encare só os medos.
Não viva só por credos.
Não evite o tédio.

Plante raiz nessas curvas.
Plante curvas nessa raiz.
Plante raios de sol e gotas de chuva.
Plante lua nesse lugar feliz.

Luar, doce luar.
Lar, doce lar.

Revolva a areia cavada na pele.
Devolva os acertos desse teste.
Retira o pó dessas veias.
Ilumina o pulsar dessa canseira.

Seja bicho,
Seja tribo.
Ouça zumbidos.
Distribua abrigos.

Do mato, retire a fortaleza.
Mas sem muita frieza.
Da flor, sugue a delicadeza.
Mas sem tanta leveza.

Namore menos com problemas.
Floresça mais com poemas.



quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Por que? (Não Serei Mais Tua)



Triste, triste, triste.

Muito triste.

Eu estou muito triste!

Por que? Por que você não pode sentir minha falta também?
Por que enquanto você está livre, eu estou aqui, presa nesse negócio de te gostar?

Quebrei uma promessa agora. Por você.

E cadê você?
Cadê?

Triste.

Triste, porque quando eu for, não será mais amor.
E então, você se julgará ainda parte desta dor.
Mas, sinto muito, querido.
Não serei mais tua quando eu for.






Tantas Coisas





Respiro. Olho fixamente para o monitor.
Gostaria que não fosse preciso digitar neste momento.
Gostaria apenas de pensar e puft! Já estava escrito.
Passam tantas coisas na minha mente... Tantas coisas.

O meu refúgio é entre as palavras. Literalmente.

Meu coração está batendo forte ainda. Passei os últimos 30 minutos pensando nele. Nele e em Jesus.
Pensei no seu beijo, nos seus olhos, no seu sorriso. Não está fácil.

Por favor, caro leitor: respeite a minha dor.
Ela não é proveniente de um câncer, de um hematoma, de uma cirurgia.
Mas dói.
E é uma dor como outra qualquer, pois, na realidade, estou doente. Doente de paixão.

Pensei em tantas coisas.
Ouvi muitas coisas também. Muitas músicas.

Quis me imaginar no colo de Jesus. Ele me acolhia, me abraçava, me aconchegava em seu colo. Assim, me explicava que o amor supera tudo. O amor Dele para conosco, logicamente.

Tento ser rebelde. Não quero pensar na pessoa que gosto como alguém perfeito. Penso que assim, conseguirei ter raiva e esquece-lo de vez.
Mas sozinha aqui, em meu quarto, a lembrança mais uma vez me toma de repente e numa fração de segundos estou envolta a seus braços, aos seus abraços.

Você é lindo demais.

Queria que essa beleza fizesse morada somente em meus pensamentos. Que fosse apenas alucinação de minha parte. Eu sei que grande parte é. Mas a outra, é responsabilidade sua. Não me encantaria por uma pessoa tão facilmente assim, se ela não fosse realmente encantadora.
Estou ouvindo “Enya”. E adivinha? Ela está cantando uma canção de natal. Linda.

Uma paz imensa me invade agora. Vontade de flutuar.

Cadê a luz branca? Cadê a luz branca para me envolver mais uma vez? Levar-me até o Criador?

Neste momento o gato acaba de pular na cama. Ele está bem carente nos últimos dois dias. Acho que sente quando estou mal e fica por perto. Não está fácil também cuidar dele por esses tempos. Ele já tem 8 anos. Não tem alguns dentes, baba muito, e acaba ficando sujo por conta disso. Muito sujo.
Tenho tentado cuidar bem dele. Mas é complicado, sacrificante, exige muita paciência.
E quem me conhece, sabe: paciência não é uma virtude latente em mim.

Sinto-me cansada. Uma preguiça, um sono me invade agora. E também agora, o gato encosta nas minhas coxas. Quer se sentir protegido, de certo.
 Mas precisa escolher logo eu? Logo eu, que não sei nem me defender de carinhas que ouvem MPB?
Péssima escolha, não?!

Faz um tempo que me desliguei das redes sociais. Acho que 4 dias. É pouco, eu sei, mas, convenhamos, é um bom tempo para quem não desgrudava delas, não acham? Estou criando um recorde!

Pois bem. Neste exato momento expulsei o gato de minha cama. Uma coisa é querer carinho, outra é ficar se lambendo em cima da colcha limpa!
O que? Sou ruim? Em relação a animais, já faço a minha parte não os comendo. O resto que vier de mim, já é um lucro e tanto para eles.

Bom, ao som de “Era” vou me despedindo por aqui. O sono está bem forte. O desânimo também. E a depressão momentânea, então, ixi... Essa já alcançou o nível 100 hoje!

Abraços, fiquem bem fiéis leitores! =)


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Uma Nova Mudança






“Você não sente, não vê
Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo
Que uma nova mudança em breve vai acontecer
O que há algum tempo era novo, jovem
Hoje é antigo
E precisamos todos rejuvenescer”
Velha Roupa Colorida – Belchior / intérprete – Elis Regina


E é isso, caro leitor.

Uma nova mudança.
O blog precisava de uma dinâmica bacana, e creio que esse modelo ficou interessante. Dá até para matar a saudade de textos antigos... Eu, pelo menos, estou curtindo bastante essa mudança!
O estilo “mosaic” é meu preferido. Tem o “magazine”, o “timeslide” que são legais também, e o “classic” é para aqueles que querem algo mais tranquilo de se ver. Tem outros jeitos também de se ver o blog, é só clicar na aba superior, antes de “home” e escolher o estilo que deseja visualizar os conteúdos e depois, clicar na postagem e se esbaldar “á la vonté” nas minhas escrituras. =)

Mudar é preciso. Mudar faz parte da civilização. Mudar nos ajuda com novos objetos.

Afinal, permanecendo ainda com o exemplo da música belamente interpretada por Elis:
"no presente a mente, o corpo é diferente e o passado é uma roupa que não nos serve mais..."

Mas, refletindo um pouco mais, será que novas roupas caem bem na pessoa? Será que novos modelos se identificam com o conteúdo do blog?
Será?

O que acham?

Pois bem, reflitam. E me digam.

Boas leituras! Boas reflexões!
E boa tarde nessa véspera de Natal!

Abraços!


Pedalando por aí



Por que...

Por que mesmo não tendo tanto amor ao que costumamos chamar de vida, temo por ela ao sair de noite pelas ruas, pedalando uma bicicleta velha?

Hoje, meus olhos lacrimejaram um pouco.
Pensando em muitas coisas que abalam meu ser, chorei em me ver tão só.

Assisti “Little Miss Sunshine”. Ou, em bom português, “Pequena Miss Sunshine”. A trilha sonora desse filme é linda demais. Singela, poética, uma fofura.

O filme é muito fofo. Lindo. Por isso, dentre tantos numa banquinha de vendas exposta numa vídeo locadora aqui da cidade, escolhi ele para comprar... Ele e mais 9. Eu sei, o consumismo anda me dominando. Mas convenhamos, não é todo dia que você tem a oportunidade de poder andar novamente e sentir o vento do verão entre as batatas das suas pernas. É preciso valorizar cada momento. Nem que seja, consumindo.

A lembrança do acidente de moto não me machuca mais. Mas, sinto que há um trauma não curado ainda. Ok, o tempo há de ajudar nisso.

A respeito da vida, que disse mais acima, foi pensando na cura desse trauma que me arrisquei num domingo à noite, a andar de bike pelas ruas movimentadas de Barretos. Pensei que assim, estaria provocando uma “fisioterapia” no meu cérebro.
Mas só consegui ficar mais assustada.
Era motoqueiro (e não motociclista, já que não respeitou o trânsito!) saindo do bar sem esperar eu passar, era gente abrindo a porta do carro bem quando eu estava chegando perto, vixi, um sufoco.
No primeiro semáforo, virei à direita e fui por ruas mais tranquilas, voltar ao meu lar, doce lar. Daí percebi o quanto temo pela vida. Ou pela morte. Estava parando em todos os vermelhos, olhando para todos os lados, respeitando cada “pare”. E ouvindo a trilha sonora de “Pequena Miss Sunshine”...

Como ouço agora, enquanto escrevo esses pensamentos.

Mas o sono, a canseira, vai se espalhando por entre as minhas veias. É hora de parar.

Que seja, então.

Abraços, fiquem bem!


sábado, 22 de dezembro de 2012

"Coração não é tão simples quanto Pensa"




(Baseado na canção "Oração")



"For You"



(Baseado na canção "The Story")



"Graça"



(Baseado na canção "Grace")



Quando ia te Esquecendo



Minha vida não tem mais nenhuma expectativa.
Estou desmoronando, será que você não percebe?

“Em cada esquina cai um pouco a sua vida...”

Em cada ignorada sua, cai um pouco a minha alma, o meu sorriso, a minha alegria.

Vejo que muitos são os seus caminhos. Até cartas lhe fazem emocionar.
Só os meus versos que não. Eles não lhe tocam, não lhe mostram o quão importante são seus traços e trajetos para mim.
Você não me sente, não me vê, não me percebe.
Eu estou aqui... Lhe gritando, lhe chamando, lhe clamando.
Mas meu “gostar” é tão simples e generoso que ele não quer lhe aprisionar.
Você quer voar? Voe.
Você quer cantar? Cante.
Você quer amar? Ame.
Mesmo que não seja eu.

Nunca havia pensado assim antes. Sempre queria a pessoa perto, só p/ mim. Talvez esse seja o verdadeiro sentindo do gostar sem ser egoísta, não é mesmo?
Além do mais, você nunca poderia estar perto. Vários estados nos separam.
Mas creio que essa paixão, esse momento que sinto, deve ser passageira. Sempre foi.
Acho que procuro por pessoas para preencherem este vazio. Me apaixono, não dá certo, daí passa. Me apaixono novamente para esquecer o que não deu certo e então, me estrepo novamente.
O problema é esse ciúme que sinto.
Não quero mais ver suas conversas para não me corroer por dentro.
Estou me desligando. Logo você não terá mais que me evitar nos “inbox” da vida.

Mas eu gosto tanto, mas tanto, tanto mesmo de você. E não é sexual. Porque sexual, já gostei, e eu sei, não é bom. Porque vai embora.
O que eu sinto é algo tão lindo, especial, mágico.  
Porque é admiração. E admiração dura quase que uma eternidade.
Admiro você por suas ideias, pelo seu jeito, seu caráter, sua eficiência. Você é lindo. Seu encanto pelo teatro é lindo. Seu jeito poeta é lindo.

Vejo suas frases. Cada detalhe pensado, cada vírgula colocada, posso até ver você escrevendo... Seus cabelos black power, cheios, crespos. Expressivos, assim como o seu olhar, me fazem tremer de estase em pensar num dia em que iremos nos encontrar de novo. Fico imaginando suas mãos alisando meu rosto, deslizando até meus lábios, segurando levemente meu queixo, apertando minha boca contra a sua. Como numa valsa... Cada passo vai se encaixando perfeitamente, até a dança ficar completa. Você me abraçaria, como aquele dia, lembra? Aquela festa, aquele forró. Como foi lindo.
Sempre me emociono quando lembro.
Enquanto as lágrimas caem agora com a lembrança, fico me perguntando como fui deixar acontecer isso? Como fui permitir que você invadisse assim os meus pensamentos?
Sou tão tola. Pensei que você é quem gostasse de mim. E na hora do beijo, poxa, achei que seu coração estivesse batendo forte como o meu. Mas acho que não. Acho que o meu acabou batendo pelos dois.
Uma semana ficamos juntos. Um dia apenas nos beijamos.
Não, não. Não pode ser. No meu pensamento agora, veio à impressão de que você quisesse apenas curtir, talvez, quem sabe, algo a mais que beijo, mas nada de sentimentos. Não pode ser, pode?
Porque se for... Fui mais tola ainda todo esse tempo.

E quando ia te esquecendo, te deixando de lado, eis que vem a novidade de que talvez você viesse até aqui... E então, sinto que mais tola fui. Porque acreditei. Vibrei de alegria, de emoção, de imaginação. Mas cadê? Cadê sua emoção? Cadê algo que me diga que você não está brincando comigo?
Sabe o quanto é difícil escrever uma poesia?
E eu faço muitas e muitas só para você! Tento ser discreta, secreta, para não lhe assustar, porque às vezes, tenho a sensação de que você pode reagir igual a uma tartaruga e se recolher em seu casco de tanta timidez. De tanta intimidação.
Mas você não liga. Está imune a meus encantos.
E cada vez mais, EU me encanto por sua sensibilidade. Sua criatividade. E sei lá mais o que! Meu coração já não sabe nem mais explicar.


Mas quem sou eu para conseguir um sorriso seu, não é?
Quem sou eu para querer que você goste também de mim?
Eu que não sei direito nem fazer poesia... Que dirá dar-te alegria!

Sou um fracasso. Meus sonhos, meus projetos, tudo, tudo, está se acabando.
“Ao meu redor está deserto... Você não está por perto e ainda está tão perto.”

 Eu tento, sabe? Tenho tentado mesmo. Queria ser guerreira como você, e consegui trazer novas lutas para a minha vida. Mas eu cresci numa cidade pacata, sou pacata, e de pacata que sou, não sei nem me desfazer desse amor.

Gostaria mesmo de ter um filho seu. Uma filha. Loucura? Bom, isso só prova o quanto gosto de você (mais que Beyoncê!), já que só penso em ter filhos com quem realmente valha a pena.
Sempre achei que ter (e criar!) um filho fosse trabalho dos deuses, já que é um ser humano que está ali e precisa de carinho e atenção por um bom tempo.
Portanto, sendo você esse cara tão inventivo, poético, dinâmico, um filho herdaria quem sabe, esses genes e me faria a mãe mais feliz deste planeta!
Já imaginou? Um serzinho gracioso como você? Que coisa mais linda!

Mas é só sonho. Você deve ter alguém que goste muito também. Alguém que invadiu sua mente, seu coração, e agora, não há espaços para mim. Eu entendo.

Vou me afastar. Tentar me afastar. Tentar esquecer. Tentar seguir.

Espero que você e a lua que tanto ilumina suas ideias fiquem bem.
Queria dividir a minha com você. Ela também é bela. Ela também brilha minhas ideias.
 Mas sabe como é? Estaria sendo invasiva... Como tenho sido ultimamente.

Despeço-me com uma dor tremenda no peito. Porque insiste em mim, a sensação de que você me curte sim, de você gosta um montão dessa pessoa aqui. Mas e se for uma mera ilusão? E se você não me quiser de jeito algum? Você nunca tem tempo... Nunca me dá esperanças. Nem responde à minhas incertezas, nem corresponde às minhas investidas. Acho que o jeito é me recolher à minha insignificância e esperar a tempestade de festas acabarem. Não sou digna desse amor. Do seu amor, do seu carinho. Não sou digna de nada. Nem sei por que me atrevi a tentar lhe conquistar... Meu caro, “Vieira”.


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Do ato de EsCrEvEr.



E o mundo não acabou.

Mas gostaria que o meu acabasse. E um novo fosse bem mais colorido, belo, romântico.
Hoje viajei tanto dentro da cidade... Vi prédios, condomínios, pessoas, cachorros. Vi uma cabeça de Barbie caída no meio da rua. E dentro do conjunto habitacional próximo, duas meninas com no máximo 5 anos andando, passeando, desfilando. Talvez, essa constatação fosse a evidência de que a infância realmente está perdida.
Estou assim, cabisbaixa, pensando, refletindo não porque talvez o mundo pudesse acabar. Penso tanto em coisas aleatórias. Não sei. Meu lado mãe está aflorando. Vendo mães e seus filhos nas ruas, na correria pelas compras de natal, fiquei me imaginando mãe... Carregando um bacurizinho pra cima e pra baixo. Loucura? Não. É apenas o meu reloginho biológico apontando.
E então, quando estou assim e não há mais nada para se fazer, o jeito é escrever.

Ás vezes escrevo bonito. Ás vezes, não.

Mas, sempre escrevo com o coração.


Incertezas






Sou capaz de morrer de tanta saudade.
Sou capaz de mergulhar profundamente neste poço de impossibilidades.
Sou capaz de vegetar nesta vida inútil, pensando apenas nas suas atividades.

Como esse gostar pode ser tão forte?
Quero gritar que um sentimento assim você não há de ver nem na morte.
Mas o equilíbrio é meu norte.
Se eu disser, você há de querer que eu prove.
E se você recusar, pode ser que meu coração a ser uma pedra, volte.

Estou desalentada.
Sinto-me abandonada.
Jogada.

Meu bem, não faça assim.
Não jogue tantas incertezas em cima de mim.
Diga-me... sim!

Eu lhe quero.
Eu lhe espero.

Mas, será que assim me quer, você?
Será que assim me espera, você?
Será que assim me deseja, você?

Sinto-me desalentada.
Estou jogada.
Abandonada.


quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Contos, Romances e Peripécias: "As abóboras"


Finalmente, depois de tempos, posto em "Contos, Romances e Peripécias". Já estava com saudades... Espero que gostem. Eu gostei. =)






E o Otávio, querida? Onde ele está?
Ele não virá, vó.
Muito trabalho?
Não, terminamos.
Como? Vocês eram lindos juntos.
Eu não posso prendê-lo. Se ele quer ir, que vá.
Mas querida, uma mulher que se preze não precisa mais se fazer de difícil. Você pode muito bem ir atrás dele.
Mas não quero. Que amor seria esse que não reconhece que o outro pode ser feliz sozinho? Eu o quero bem. E se estar bem, é estar longe de mim, que assim seja.
Muito maduro de sua parte. Acho que não vejo mais uma garotinha aí dentro.
Todo mundo um dia cresce, vó. Eu tive que crescer também.
Mas não é porque todo mundo come abóboras que você precisa também comer...
Mas eu não gosto de abóboras, vó.
E eu também não.
Ok, ok. A abóbora foi uma metáfora, certo?
Isso, meu anjo. Você realmente está ficando cada vez mais esperta.
Ah, obrigada! Acho que acabou de me chamar de burra por todos esses anos que não fui tão esperta... Mas, obrigada, assim mesmo!
Imagina, pense positivo, felizmente você era muito bonitinha.

[Risos.]

Obrigada, vó. Obrigada por estar aqui, viva, fazendo da minha vida melhor.

Hummm... E não foi irônica? Estou começando a desconfiar que tenha uma câmera escondida por aqui... Cadê? É uma pegadinha, não é?
Não, vó. Não é. Vem, dá cá um abraço e vamos logo comemorar esses seus 80 anos!
E com direito a muitos drinks...
Mas e a cerveja?
Não seja boba, teremos direito a tudo!

[Abraçadas, saíram contando pisos, contando causos, e aplaudindo a felicidade de estarem unidas. Mais uma vez.] 




terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Por onde recomeçar? (o luto pós-vida)



Recomeçar?
Partir de onde?
Tentar o que?

Quando você se vê diante de uma nova caminhada, o que lhe deixa em dúvida é como dar o primeiro passo.
Você se vê entre a moto e o asfalto, se vê entre a vida e a não vida, se vê entre o ontem e o amanhã.
Como retomar? Como soltar o pause e apertar o play?

Estou prestes a voltar de onde tinha parado naquele 2 de novembro. Prestes a retomar a trajetória que estava trilhando. Nesses 45 dias (mais até) de licença médica, me vi diante de várias reflexões. Vários infortúnios, várias fórmulas de vida. Mas nenhuma me acalentou tanto quanto a minha. Não importa o que ocorreu, não importa o quanto machucou, importa é se houve um aprendizado nessa etapa.

E será que houve?

Não sei o que mais poderia aprender com tudo isto.

O tempo aquele dia, naquele instante, parou. Posso ver no ar o canto do painel da moto se despedaçando, se espalhando pela rua. Minha perna em câmera lenta entra em contato com o chão. A pele é arranhada, cortada, esburacada pelo rude do asfalto cinzento. O dedo, inocente, se estilhaça na pancada. O osso quebra e sai da pele à procura de um socorro, quem sabe. Dizem que é exposta. Mas me parece mais uma fratura “imposta”. Nenhum osso quer isso para si. A não ser que seja algo imposto.

Imposto, como foi o encostar da pele no escapamento. Duas vezes a queimadura resolveu queimar. Duas vezes. E continuou queimando, ardendo, enquanto a única coisa que entoava na minha mente era o meu mantra com Jesus no meio. Sentada na cadeira da cozinha da casa de minha avó, olhando para o pé deformado, ensanguentado, eu só podia pensar em uma inflamação pior, fatal, quem sabe, uma amputação do dedo, do pé, das ideias, da vida, e então, não estaria mais ali...

A morte sempre foi um assunto misterioso para mim. E para muitos, acredito eu. Mórbido, ele parece ser ruim, renegado na hora do jantar, mas pensar em morte é coisa que muita gente faz quando acorda. Eu não sou diferente. Gosto da vida, mas a morte me fascina. Não que eu também não queira viver mais de 100 anos, como Niemeyer. Mas as vezes penso em como será que é o lado de lá.

Naquele instante, segundos no mais tardar, não pensei na morte.

Foi o pós que mexeu comigo. A espera interminável pelo socorro do meu irmão, a voz da minha avó me oferecendo café, água, a minha mãe no telefone ligando para o SAMU, a toalha que ela quis colocar para o sangue estancar e o meu desespero em não deixar. Tudo me fez pensar, nem que seja por instantes também, na tão temível morte.

Viver pode parecer difícil. Mas morrer me pareceu mais.

Eu me desesperei. Eu gritei. Eu ressuscitei.

Vi a vida passar, vi o sonho passar, vi o acidente passar.

O dedo me fez mais forte?

Não, não há força que provenha de situações assim. A força é sua. Está lá indiferente de ter um dedo a mais ou um dedo a menos.

O dedo me fez querer mais a vida?

Não, a vida não pode ser quista apenas por conta de uma fatalidade. A vida tem que ser vivida, e só.

O dedo me fez alguém melhor?

Não. Creio que sou a mesma de mim, precedente ao dia de ontem, existente nesse dia de hoje. Amanhã, não sei. E alguém sabe?

Afinal, o que o dedo me tornou?

Nada. Eu o tornei um dedo novamente. Ele era uma pele morta, despedaçada, um osso quebrado, um sangue desperdiçado. Com todos os cuidados médicos realizados, ele está aqui comigo. Não mexe direito, não tem unha, e não desinchou. Uma linha mal retirada de um ponto ainda se mantém na lateral do dedo. Se vou conseguir expelir ou retirar, sabe lá. Mas o horror pior, creio que já passou.  Se não passou, vai passar.

Não bati a cabeça, não destronquei o ombro, não quebrei a clavícula. Mas na minha vida criou-se uma vírgula. Hoje, não enxergo a junção das duas etapas. Sempre tem o antes e o depois. O pé dói agora. Antes, não doía. O dedo é feio, torto. Antes, não era. O andar é lento, envelhecido. Antes, jovem e rápido ele era.

Talvez, o tempo nos dê um tempo. Talvez, a gente consiga pisar entre os degraus sem neuras, novamente. Talvez, a gente dance na ponta dos pés lindamente. Talvez.

Talvez, nada disso faça sentido. E então, como num piscar de olhos, lá estou eu de novo, no meio da moto e do asfalto. Que seja moto, que seja carro, que seja ônibus, que seja avião, que seja trem, que seja barco. Talvez, outros acidentes me façam envelhecer mais rápido. Talvez, outros transportes me transportem para novas reflexões. Ou talvez, a vida seja isso. Um “talvez”.

Quem vai saber?

Talvez, esse seja apenas um momento de fraqueza. Talvez, esse seja só mais um momento. Ou talvez, esse seja o que restou daquele momento... Quando não via mais nada do que consequências graves para o dedo sangrento.

Eu sangrei. Eu me machuquei. Eu me transbordei.

Eu me reconstruí.

Mas ainda restam frestas. Cacos mal colados. Será que se a morte tivesse pairado sobre mim, ainda restaria algo a ser colado? Será que ainda estaria em construção?
Não é drama. Não é trauma. Pode ser que seja trauma. Pode ser que seja só cautela. Pode ser que seja eu, mais uma velha.

Não há espaços para dúvidas nos dias de hoje. Mas, hoje, não há dúvidas em mim para ocupar espaços. Eu sei o que houve. E como me atingiu. Eu sei o que sou. E no que ainda fraquejo. A ansiedade ainda toma conta de mim, os sonhos ainda tomam a minha noite para si.

O perigo que me rondou, a tragédia que me acometeu, os dissabores que em mim se realizaram a falta de preparo. Parece que tudo se tornou maior e menor, se tornou branco e transparente, sem começo, sem presente. Tudo está como uma névoa. Não se mostra totalmente.

Andar, eu ando. Falar, eu falo. Pensar, eu penso. Mas será que processo? Será que entendo?

Estou numa falsa sintonia de tudo. Estou numa falsa sintonia da vida. Estou numa falsa sintonia com todos.

O acidente parou a minha respiração. Com a parada dela, perdi tudo. Perdi até mesmo o que não tinha. E não adianta querer fingir que está tudo bem.
Algo aqui está trincado ainda.
Algo aqui ainda dói.
Algo aqui ainda diz que é preciso observar mais, reparar mais. Costurar mais.

E não são 5, 7, ou 10 pontos, como assim levei no dedo. A parte do dedo que quase me fora arrancada, me mostrou que algo maior me fora arrancado naquele dia. O que precisa ser remendado agora é ainda pior, profundo, dolorido demais. E não é uma dor, apenas. É uma alergia inteira. Um sintoma mal curado, ressurgido das cinzas. Um tratamento sem fim.

Quem já passou por situações assim, sabe do que estou falando. Não é uma cura que buscamos. Buscamos por nós mesmos. Aquele alguém que éramos, mas que não está mais ali, a nosso dispor. Esse alguém se perdeu entre os estilhaços do plástico, entre os ossos quebrados. E não há nada que o recupere. Não há nada que o faça voltar. Você é outro, é diferente, é estranho a si mesmo. Não compreende o que quer. Não supera a perda.

Você se “auto perdeu”, lembra? E um luto assim, não há terapia que dê jeito. 



segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Ainda sigo, ainda fico...





Não posso mais te gostar. Não quero aquele príncipe que todas querem.
Não quero um par romântico.
Não quero danças em volta de um som romântico.

Só quero que fale comigo.
Que diga como passou o dia.
E não me ignore assim.

Você é tudo pra mim.

Mas eu vou seguir.
E ainda ficarei aqui.
Mas sem ti.

É só mais um pedaço que se vai.
Um pedaço desse corpo, dessa alma.
Dessa triste lembrança.

Dou o meu melhor sempre em todas as palavras que destino a ti.
Mas parece que nada consegue lhe atingir.

Não quero descobrir como é esse tempo para você.
Pois já não entendo mais como é viver.

Então, eu fico e sigo.

Sigo, porque não sei mais esperar.
E fico, porque não deixei ainda de te gostar. 



domingo, 16 de dezembro de 2012

Como não cuidar de um Gato... Ingrato!



Não sei como cada um é com o seu animal de estimação, se é de estimação, quer dizer que há um carinho por trás disso, uma estima, e não uma autoestima. Ou seja, não é a sua vontade que impera, é a dele. Mas tem hora que não me dou muito bem com o meu.

Ele começa a miar... E eu vou lá e dou ração, ofereço água (porque o ingrato bebe na torneira), ofereço até a ração da cachorra, e nada. Continua miando, mostrando que sou uma mãe desnaturada que não sabe ao certo nem o que seu filho está pedindo.

É um horror. Sabe como é ter a sensação de que não há mais para se fazer? Que é caso perdido? Poxa, se ele ao menos, me entendesse nessas horas... Perceberia que de forma alguma eu gostaria de magoa-lo. Quero o bem dele. Mas nunca o que eu faço corresponde realmente ao que ele quer! Que coisa chata.

Tem hora, que por mais que eu tente, não consigo decifra-lo.

Ok, tem hora que eu acerto. De repente ele está lá, comendo, se lambuzando... Mas tem vez que ele fica me olhando, olhando, olhando... E eu esperando algum sinal a mais, quem sabe, ele vire e me diga sobre a relatividade da vida, das coisas ao redor e da ração que "relativamente" o enjoou. 

Mas eu brigo quando ele não abre a boca para me explicar sobre isto. Eu grito, brigo, me desespero. E ele some. Some como se estivesse dizendo "eu não me importo com o seu descontrole".

Ôh gato ingrato, viu!

Acha???

Não sou uma descontrolada! Não sou! Uma prova? 
Prova disso, é que eu volto lá, coloco água ou leite naquele bendito pote com ração e tcharam! O gato está se fartando daquela mistureba! 

Aí, tudo volta ao normal, eu continuo a minha vida, ele a dele (uma das 7 né!), e convivemos lindamente... Até chegar o próximo lanche! Daí em diante, novos enigmas, novos embates, novas frustrações, novas descobertas. Até descobrir que o que ele quer é água e não comida, já são mais duas horas de analista...

É, eu mereço! 

Isso é o que resulta quando seu filho é criado por vó. A minha que acostumou o gato a ter todos esses luxos. E sobra agora para mim - uma humilde mortal - a decisão de tira-lo deste sonho e traze-lo de vez para a bruta realidade do dia-a-dia. 

Cruel demais, não é?

Melhor ir tentando decifra-lo, mesmo. Até que, não é tão ruim. =)




sábado, 15 de dezembro de 2012

Poesia de Sábado Chuvoso III - A dança do Barco







Não é pelas velas
Não é pelos ventos
Não pelas ondas
O barco segue porque tem direcionamento.

Direcionamento...
Palavra assim não deveria expressar o caminho certo
Deveria lhe levar para a pessoa querida o mais perto
Deveria lhe dizer como não fazer um verso

Verso no inverso
Verso no avesso

A onda leva a lembrança
A onda revela a esperança

E o barco... Segue nesta dança.


Poesia de Sábado Chuvoso II - Tudo há de produzir Felicidade






Felicidade... 


não vem da idade
não vem da maldade
não vem da caridade



Felicidade vem da felicidade. 



Quer seja sabor doce
Quer seja sabor azedo
Quer seja aquela saudade


Tudo há de produzir felicidade.



Quando não houver falsidade.



Poesia de Sábado Chuvoso - "Smile" de Milão





Meu “smile” veio de Milão
Atravessou a copa, inundou o saguão
Sorriu travesso e disse “sorry” pela confusão
No badalar da meia-noite quis dançar com o meu coração
Mas como já estava cansada com tanta imaginação
Mandei-o embora com suas malas e galanteios pelas entradas do casarão

A esta hora se encontra em alguma estação
Procurando quem possa o livrar da solidão




quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Diários de uma Monografia - FIM!



Ok, ok. Passei por muitas coisas esses dias.
Hoje, a fisioterapia foi ótima. Minha panturrilha que o diga!
Acho que ela nem existe mais.

Fui à dentista... Depois de meses, finalmente, consegui ir até lá.
E fui andando, hein!

O dedo está ficando cada vez melhor. Hoje caiu a unha. Ela estava meio que colada, e hoje, depois de praticamente um mês e meio, caiu. Isto porque eu estava disposta a pintá-la...

Hummmm... Sim! A monografia... Defendi de acordo com as minhas ideias, com a minha emoção, de acordo com a minha poesia.
Tirei a segunda maior nota. Mas não fiquei feliz.
A banca detonou o meu trabalho, como sabem, e eu me senti frustrada.
Mas passou. Se eu tenho direito a minha opinião, elas também têm direito as delas.

Pacote fechado, acho que é hora de enterrar (ops!) encerrar esse diário!

Ideias não me faltam. Palavras também.
Que venha agora, o bem!
Porque de má, já basta a minha consciência.

Abraços!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Diários de uma Monografia – defendendo a defesa



Estava tudo horrível. O trabalho, minhas ideias, minhas soluções. Ela, uma da bancada, disse “salvação”... Disse que no final uso tudo aquilo como uma salvação para o aluno. E só não debochou mais porque é uma ótima atriz e se conteve.

São crânias, eu sei que são. Se não fossem, não estaria ligando tanto para a opinião delas.

Mas percebem o quanto é frustrante você ler todos aqueles artigos, perceber a genialidade de tantos autores, querer ser igual a eles – titãs da escrita – para de repente, se ver diante de uma porcaria de trabalho, sem nexo, sem coerência, algo considerado um tanto “devaneio” demais?

O que quero dizer é que, eu sou capaz sim, de fazer um trabalho técnico, científico, formal. Mas não queria perder a essência poética. Por isso optei por caminhar entre os dois lados. Na realidade, pensei que assim tivesse feito. Mas elas me mostraram que não. Mostraram-me um monte de erros, de vícios de linguagem, de referências “nada haver” com o contexto da monografia.

Merda, viu. E eu me sentindo (A) escritora!

É decepcionante, muito decepcionante. Porque eu estava segura, certa do que queria fazer nessa vida e aí vem elas e me dizem praticamente para eu rever meus conceitos.
Elas são parte do que é contemporâneo, lidam com o corpo, conhecem muito a esse respeito. E eu RESPEITO isso.

Porém, elas me disseram para não levar para o lado pessoal. Mas começo a desconfiar, se por acaso, não foram elas que levaram para esse lado? Pois, quase todos os erros apontados se deram por serem afirmativos quanto à transformação que a escrita pode nos dar. E não quanto ao corpo.

Ok, será que eu deveria ter comparado a ação do corpo com a ação do texto?

Mostrado a vivência sob a ótica de uma diretora, dramaturga?

Homessa, porque nada disso me fora questionado nas primeiras páginas do trabalho?

Vocês entendem o que eu digo? Conseguem entender minha aflição? Meu desespero em perceber que podia ter feito mais e, no entanto, não estava enxergando essas possibilidades apontadas? E que agora que enxergo, percebo que meu trabalho inteiro não passa de tolices e mais tolices?

Quase pensei em parar de escrever. Quase.

As pessoas podem dizer que estou dando muito lado para esse feedback da banca, que estou me devorando demais por coisa a toa.

À toa?

Não, não é à toa. Não chorei rios de lágrimas como chorei do polo até o ponto de ônibus, do táxi (porque ônibus eu não posso pegar, por estar ainda com bota no pé) até em casa, do banheiro até o quintal, da sala até o quarto, na hora da janta, na hora de dormir, na hora de pensar no que escrevi, à toa...

Eu vou melhorar. Eu também vou ser um titã da escrita. E eu também vou ser assim reconhecida.

Amém!