Estava tudo horrível. O trabalho, minhas ideias,
minhas soluções. Ela, uma da bancada, disse “salvação”... Disse que no final uso
tudo aquilo como uma salvação para o aluno. E só não debochou mais porque é uma
ótima atriz e se conteve.
São crânias,
eu sei que são. Se não fossem, não estaria ligando tanto para a opinião delas.
Mas percebem o quanto é frustrante você ler todos
aqueles artigos, perceber a genialidade de tantos autores, querer ser igual a
eles – titãs da escrita – para de
repente, se ver diante de uma porcaria de trabalho, sem nexo, sem coerência,
algo considerado um tanto “devaneio” demais?
O que quero dizer é que, eu sou capaz sim, de fazer um
trabalho técnico, científico, formal. Mas não queria perder a essência poética. Por isso optei por caminhar entre os dois lados. Na realidade, pensei que assim tivesse feito. Mas
elas me mostraram que não. Mostraram-me um monte de erros, de vícios de
linguagem, de referências “nada haver” com o contexto da monografia.
Merda, viu. E eu me sentindo (A) escritora!
É decepcionante, muito decepcionante. Porque eu
estava segura, certa do que queria fazer nessa vida e aí vem elas e me dizem
praticamente para eu rever meus conceitos.
Elas são parte do que é contemporâneo, lidam com o
corpo, conhecem muito a esse respeito. E eu RESPEITO isso.
Porém, elas me disseram para não levar para o lado
pessoal. Mas começo a desconfiar, se por acaso, não foram elas que levaram para
esse lado? Pois, quase todos os erros apontados se deram por serem afirmativos
quanto à transformação que a escrita pode nos dar. E não quanto ao corpo.
Ok, será que eu deveria ter comparado a ação do
corpo com a ação do texto?
Mostrado a vivência sob a ótica de uma diretora,
dramaturga?
Homessa, porque nada disso me fora questionado nas
primeiras páginas do trabalho?
Vocês entendem o que eu digo? Conseguem entender
minha aflição? Meu desespero em perceber que podia ter feito mais e, no entanto,
não estava enxergando essas possibilidades apontadas? E que agora que enxergo,
percebo que meu trabalho inteiro não passa de tolices e mais tolices?
Quase pensei em parar de escrever. Quase.
As pessoas podem dizer que estou dando muito lado
para esse feedback da banca, que estou me devorando demais por coisa a toa.
À toa?
Não, não é à toa. Não chorei rios de lágrimas como
chorei do polo até o ponto de ônibus, do táxi (porque ônibus eu não posso pegar,
por estar ainda com bota no pé) até em casa, do banheiro até o quintal, da sala
até o quarto, na hora da janta, na hora de dormir, na hora de pensar no que
escrevi, à toa...
Eu vou melhorar. Eu também vou ser um titã da
escrita. E eu também vou ser assim reconhecida.
Amém!
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