segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Diários de uma Monografia – defendendo a defesa



Estava tudo horrível. O trabalho, minhas ideias, minhas soluções. Ela, uma da bancada, disse “salvação”... Disse que no final uso tudo aquilo como uma salvação para o aluno. E só não debochou mais porque é uma ótima atriz e se conteve.

São crânias, eu sei que são. Se não fossem, não estaria ligando tanto para a opinião delas.

Mas percebem o quanto é frustrante você ler todos aqueles artigos, perceber a genialidade de tantos autores, querer ser igual a eles – titãs da escrita – para de repente, se ver diante de uma porcaria de trabalho, sem nexo, sem coerência, algo considerado um tanto “devaneio” demais?

O que quero dizer é que, eu sou capaz sim, de fazer um trabalho técnico, científico, formal. Mas não queria perder a essência poética. Por isso optei por caminhar entre os dois lados. Na realidade, pensei que assim tivesse feito. Mas elas me mostraram que não. Mostraram-me um monte de erros, de vícios de linguagem, de referências “nada haver” com o contexto da monografia.

Merda, viu. E eu me sentindo (A) escritora!

É decepcionante, muito decepcionante. Porque eu estava segura, certa do que queria fazer nessa vida e aí vem elas e me dizem praticamente para eu rever meus conceitos.
Elas são parte do que é contemporâneo, lidam com o corpo, conhecem muito a esse respeito. E eu RESPEITO isso.

Porém, elas me disseram para não levar para o lado pessoal. Mas começo a desconfiar, se por acaso, não foram elas que levaram para esse lado? Pois, quase todos os erros apontados se deram por serem afirmativos quanto à transformação que a escrita pode nos dar. E não quanto ao corpo.

Ok, será que eu deveria ter comparado a ação do corpo com a ação do texto?

Mostrado a vivência sob a ótica de uma diretora, dramaturga?

Homessa, porque nada disso me fora questionado nas primeiras páginas do trabalho?

Vocês entendem o que eu digo? Conseguem entender minha aflição? Meu desespero em perceber que podia ter feito mais e, no entanto, não estava enxergando essas possibilidades apontadas? E que agora que enxergo, percebo que meu trabalho inteiro não passa de tolices e mais tolices?

Quase pensei em parar de escrever. Quase.

As pessoas podem dizer que estou dando muito lado para esse feedback da banca, que estou me devorando demais por coisa a toa.

À toa?

Não, não é à toa. Não chorei rios de lágrimas como chorei do polo até o ponto de ônibus, do táxi (porque ônibus eu não posso pegar, por estar ainda com bota no pé) até em casa, do banheiro até o quintal, da sala até o quarto, na hora da janta, na hora de dormir, na hora de pensar no que escrevi, à toa...

Eu vou melhorar. Eu também vou ser um titã da escrita. E eu também vou ser assim reconhecida.

Amém!

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